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Trazemos a história de uma vida nos gestos, nas palavras e nos riscos que nos sulcam as feições, onde se enrugam as lágrimas e amadurecem os sorrisos.

 

A minha mãe era uma mulher muito bela. A minha avó paterna era uma mulher de uma bondade de fazer parar o trânsito.

 

Quem vive em bicos dos pés dificilmente tem estabilidade.

 

Por vezes a vida provoca um silêncio de «putt».

 

Era uma pessoa profundamente pragmática; cultivava as melhores relações com porteiros, empregadas de consultório e ajudantes de notários.

 

Quando acabamos de ter que saber crescer, começamos a ter que saber envelhecer.

 

A minha mãe era do tempo em que as mulheres desmaiavam com dignidade.

 

Gosto de mexer na terra, como no corpo de uma mulher; é aí que não duvido da beleza da natureza.

 

Conhecer uma pessoa é, mais do que saber quem ela é, saber do que ela é capaz. Importante é conhecê-la antes de ela ser capaz de ser quem é.

 

É fantástico amarmos sem precisarmos.

 

As pessoas não são snobs ou fúteis por natureza; são-no por falta de natureza.

 

Estou sempre do lado dos índios.

 

Gostaria que um ser humano fosse livre, cada vez que uma nova ave aprendesse a voar.

 

Estava tão triste e tão doentemente só que fui propositadamente a um hospital, fingindo-me de doente.

 

Uma mulher que se diz com tomates, venera, secreta e desrespeitosamente, a sua masculinidade sem braguilha.

 

A vida é o pretérito perfeito da morte.

 

Se eu tiver que morrer, quero fazê-lo a amar alguém.

 

É bom sabermos que não somos esquecidos por aqueles que temos presente. Partilharmos com prazer e indecoro… até lambermos os dedos! Deixar derreter na boca, nas mãos e na vida, esse aroma que sabemos bem e nunca sabemos demais…

 

Nunca acreditei que a humanidade pudesse ou possa ser libertada por aqueles que não conseguiram ser, eles próprios, homens livres.

 

Deveremos aprender a todo o momento que a vida é esse momento e, simultaneamente, muito mais que qualquer momento.

 

Chega de aceitarmos que os artistas estão mal com a vida, e os demais estão mal com a arte.

 

Há muitos que nem a própria vida consegue ensinar.

 

Nós tínhamos um curso de vida; os nossos filhos têm um workshop.

 

Sobra da dignidade da estátua o esquecimento do homem.

 

A alguns, talvez poucos de nós, é dada a oportunidade de confirmar o tesão da vida, para além do fogo fátuo do adormecimento temporário da solidão ou do anónimo reconhecimento da sensualidade. Alguns, talvez poucos de nós, podemos experimentar no quotidiano a morfologia de um corpo que nos excita; porque aprendemos a lê-lo como braile, porque temos dele a memória húmida dos dois corpos.

 

O Direito torna o homem chato e a mulher perigosa.

 

Tendo a gostar dos loucos e, em geral, dos que mantêm alguma distância da realidade.

 

Em política, deve servir-se como dos cogumelos: dos inteiros ou dos laminados; evitando os de lata. Nunca dos partidos.

 

Alguns ditados, uma vez ou outra, decepcionam-me. Por exemplo: a minha necessidade do lápis não o aguça.

 

Não sei se por influência psiquiátrica, mas hoje todos os jovens vêm num sofá um divã.

 

Os políticos, médicos, juízes e jogadores de futebol, pessoas de quem a nossa vida depende, são, geralmente, vítimas da importância que lhes damos.

 

As especialidades da nossa terra, seja ela qual for, são sempre mais especiais.

 

As grandes superfícies foram universalmente eleitas para a prática do encesto.

 

Só saberemos verdadeiramente a nossa força quando não tivermos outra solução.

 

Quem não gosta de estar consigo mesmo em geral tem razão.

 

Murmures de la Seine - Frédéric Chopin
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